Vêm sem demora

Posted by Fabrício Persa on 27 fevereiro, 2008
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Nada além da completude
O que eu quero não é nada demais
Coração que derrama de cheio
Sem estado de inércia sentimental
Vazio de nada, entupido de atenções

Tudo parece ser uma larga impaciência
Aquilo que demora de chegar
Propus a mim mesmo um auto jardim
cuidado serenamente, amavelmente
à espera de que ele seja encontrado em meio a multidões
aguardando o beijo mais resplandecente
seguindo-me contigo
seguindo-te comigo
nas relevâncias dos atos, passos
sem bobagens, tempos de solução

Vêm sem mais pensar, sem mais andar
Pro teu colo, para o seu aroma tão bem preservado
Vêm colar na minha, ficar no meu tom
Saborear a mais bela sintonia
Não bata na porta
Vá-se adentrando
Vêm me chamando
Tudo o mais é felicidade
Contentamento

Lancei o meu destino às auroras da vida
retornará numa madrugada única de sal e mel
Sem esperanças esperadas dos pressentimentos.

Soberania de instantes

Posted by Fabrício Persa on 23 fevereiro, 2008
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Aquele exato momento tinha se tornado tão eterno quanto à própria eternidade.

Não é normal acordar, abrir a janela e dar logo de cara com um destemido beija-flor, com as cores mais vivas que um próprio holofote e um sacudir de asas tão constantes e sonoras que se torna difícil imaginar algo de tamanha sutileza.

Era como se fosse um prelúdio da Nona sinfonia de Beethoven decorado por árvores e arbustos da décima categoria de beleza, por que, então, tudo se tornou igualmente belo como aquele pássaro matutino.

Da memória se retiraram sumariamente o horário do trabalho, as escovas e pastas de dentes, a comida da manhã, as preocupações do resto do dia... Subtrairam-se todas as vontades e só restou uma, a da contemplação. Subtraiu ainda mais a capacidade de diferenciação entre qualquer coisa e nada. Tudo inexistia.

A sobre naturalidade não estava no animal. Mas na janela, na visão da janela, no amanhecer do dia, no lisonjeio que marcou insanamente a sua estima.

Os olhos passeavam pelos buracos que lhe pertenciam em busca do último flagrante, de cada ato daquele ser pequenino que não lhe cabia nos sonhos, deveras pesadelos urbanos. No quarto adentrou um silêncio ininterrupto, devido aos barulhos internos e externos que cessaram horizontalmente em direção à copa das árvores, um silêncio que percorria toda a casa e seus pensamentos. Um calar profundo dos pensamentos. Uma anestesia corporal automática. Uma pausa no mundo. Uma ópera calma de bater das asas.

O beija-flor sumiu dentre folhas e galhos, seguiu o seu destino de primaveras e ares poluídos, aterrisou para sempre nas lembranças de um ser desconhecido.



Quando menos espera... O beija-flor acerca-se das suas idéias e ele lembra do silêncio, do sossego, da duração dos instantes. Uma calma depois desse acontecido começou a habitar assiduamente no seu ser mais intrínseco. Uma soberania simples diante de todos os outros homens se espalhou pelos seus sentidos e, toda manhã, agora, ele abre a janela à espera do seu mais novo amigo íntimo, na expectativa de mais um registro de intensa excelência.


Fabrício Persan

A Charada Sincopada dos Serões da Província

Posted by Fabrício Persa on 22 fevereiro, 2008
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Janeiro chegou com muita ansiedade para muitos fãs e contempladores da boa música brasileira. O DVD e CD duplo do áudio do show “Dentro do Mar tem Rio”, da artista Maria Bethânia, veio completar o seu passeio único pelas águas doces e salgadas que nos banham. No início de 2007 ela nos presenteou com dois CDs simultâneos, um homenageando os mares, repleto de boas composições, percussão do grande Naná Vasconcelhos e poesias da portuguesa Sophia de Melo Breyner; outro, retratando os lagos, rios e cachoeiras da rainha dourada perpassados por palavras de autoria de Guimarões Rosa, João Cabral, Fernando Pessoa e Antônio Vieira. Garantindo o seu pioneirismo não só em misturar águas, mas também, música e poesia.


Maria Bethânia é destemida, é descalça sobre o palco e isso me cativa, é energia, é poço de novidade e boas surpresas, é a chama vermelha a iluminar muito, é gestualidade, atitude, conhecimento e aprendizagem, é a transformação de tudo, reinvenção, é a autenticidade, é o amor-próprio, é o amor pelas próprias raízes, e por outras também, é liberdade, é ofício com respeito, é manhã com livros ao som de Nana Caymmi, é interpretação, é cheiro de poesia, é senhora de raios e ventos, é meu âmago, é parte de mim!



Texto Completo:
http://reverterio.com/2008/02/20/a-charada-sincopada-dos-seroes-da-provincia#more-216

Decreto de falecimento

Posted by Fabrício Persa on 19 fevereiro, 2008
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Hoje desencarnei um pouco a cretina da saudade. Um pouco. Saciei-me de conversa silenciosa lá de outra parte do mundo. Palavras cibernéticas que iam cheias de esmero e vinham cheias de afeição. Os destinos uma vez unidos, entrelaçados de alguma forma, vez ou outra, tomam caminhadas diferentes e necessárias, deixando-me assim, num turbilhão de lembranças de tempo idos... Um peito extravasado de vontade de estar perto, de chorar e tentar alguma forma rápida e sorrateira de abraços, beijos e cheiros antes tão ao meu alcance.

Lá esta ela. Com seu cimento e tijolos simbólicos construindo sua vida. Construindo seu futuro. O nosso próspero presente também nos pertence e é em busca dele que caminhamos e percorremos tantas inusitadas estradas. Todas para um único objetivo ao final. Ser Feliz. Contando passo por passo, perdemo-nos em cálculos e mais queremos somar. Porém, cada passo tem uma presença malcriada da saudade.

Sentimentalidades de lado. Hoje sou um pouco menos saudoso. Mas este sentimento insistente me perseguirá mais tarde, ao entardecer das horas, e sentirei saudades dos instantes que a mantive morta.

Tantos..tantos. Um si mostra.

Posted by Fabrício Persa on 18 fevereiro, 2008
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Batam palmas, batam todas as palmas possíveis
Reluto com o simples fato de ser em comum
Quero ser mais do que essa idéia
Tantos ser, tantos ter, muitos, tantos no querer
E eu sempre ficarei aqui, somente comigo
Dentro de mim
Só pra querer-me depois em conjunto
Contradição invisível nas palmas

E persisto na ânsia de ser um sol
Sem brilhos de semblante físico
Na imensidão das palavras
Na complexa gramática
Na poética portuguesa
No abrangente aconchego salutar do complicado
Universo das letras.

Isso nunca mais se indireita.



Fabrício Persan (04-01-05)

Posted by Fabrício Persa on 15 fevereiro, 2008
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No meio do mato de um terraço

Ninguém se atreve
Ninguém se encontra
Todas as formas
São normas
E todas as cores padecem
Somente por uma delas
O verde se arrasta
Pela visão afora
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para dar uma Espiadinha....

Posted by Fabrício Persa on
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Textos já publicados no site RevertériO.com, taí os Links:



O problema do inferno cotidiano
http://reverterio.com/2008/02/09/o-problema-do-inferno-cotidiano

Toda sorte é válida
http://reverterio.com/2008/01/22/toda-sorte-e-valida

E Elas soltam a voz mesmo!
http://reverterio.com/2008/01/11/e-elas-soltam-a-voz-mesmo

Silêncio de um triste ontem
http://reverterio.com/2008/01/08/silencio-de-um-triste-ontem

A Redenção Socialista
http://reverterio.com/2007/12/29/a-redencao-socialista

A passarela do Big Bosta Brasil
http://reverterio.com/2007/12/13/a-passarela-do-big-bosta-brasil

Paz.. Eu quero Paz.
http://reverterio.com/2007/12/07/paz-eu-quero-paz

Quase por um fio. Renda de palavras.
http://reverterio.com/2007/12/04/quase-por-um-fio-renda-de-palavras


Outros textos ainda hão de vir, sempre aprendendo mais !

Maria Bethânia aguarde a minha declaração a ela para bem loguinho... :D
Já não era em tempo !! dia 20 ! ^.^
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