Posted by Fabrício Persa on 07 setembro, 2012
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Apresso os passos, com muito apreço, eles são largos e redondilhos e passam como uma tempestade em um bom tempo. Passo como um passarinho...
 

nêura

Posted by Fabrício Persa on 31 agosto, 2012
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O sono de manhã é perturbável
o ciclo do fluxo plural
em movimento não descartável
desvanesce a tranquilidade
faz levantar as pálpebras
para encarar o dia.

Abrupto

Posted by Fabrício Persa on 08 agosto, 2012
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Tenho indisciplina e medo do que sairá da minha mente, escrita em formas de revelações poéticas, melindre de não sei da onde. Eu agora escuto samba e me emociono, escuto aqueles que de profundo tem de natural. Vou juntando poeira de assuntos e vastidões que vivo e por isso me frusto, indigno-me comigo mesmo devido a essa indisciplina, maldita.
Eu agora persigo em mente esse acúmulo, mas ele me escapa, estou como máquina enferrujada que se tortura em não mais poder realizar-se.

Não me realizo agora.
Nem me escravizo já.

São as formas de como se dá as coisas que você reflete, o grau e a profundidade de influência tua em tudo que se rodeia, que me faz não mais ser moldado, restrito em formas de cubos de gelo. Eu quero pela vastidão de tempo que há de vir, o melhor que a natureza pode oferecer, a tranquilidade, a poesia entocada em cantos sorrateiros, a música que abstratamente nivela minha alma como espada afiada, a água em demasia, a mãe. 
Então vejo (numa espera) que parte dessa vontade se manifesta nos acontecimentos que aos poucos se iniciam, daí se tem os segredos enclausurados pelo tempo a se derramar na cara como verdade, nada fácil, mas refletido em espelhos de calma das horas.
São tantas as concepções vistas dos meus próprios olhos que sou quase um diferente todos os dias e me aproximo da loucura sã. E já sou o presente de tantas vidas minhas de outrora acumuladas que se retornam no entremeio de toda essa complexidade que somos enquanto indivíduos e enquanto mundo, uma linha tênue que vai do "eu" ao "nós" em que ambos estão misturados e não se tem mais como distinguir um do outro. Somos toda essa extensão incalculável e preciosa. Uma das características do eu de agora é a intolerância quanto às coisas que não me agradam e o que creio não ter o que contribuir para a melhora, pois a preferência consciente pela ignorância fazem de alguns se alimentarem da refeição dos abutres e limitam a extensão dos meus braços. Não gosto. Há um erro nítido na sociedade.


*Fotografia de Luis Sarmento

ninho

Posted by Fabrício Persa on 18 julho, 2012
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meu lápis, papel, pergaminho... ninho. volta e meia desacelero e estaciono na cama, por debaixo dela escondo os medos e ponho a cabeça no lugar da horizontal, ato suficiente para tudo vir e ir, pesar ou amaciar, assim faço o meu mundo deitar e peço um pouco de silêncio. sim, o silêncio da madrugada me serve como o melhor companheiro em alguns momentos para viver, noutros, para melhor adormecer. eu e a madrugada somos íntimos, e ela me cutuca toda a noite, como boa parceira. Cedo quando preciso, abraço-a quando me estabilizo. 

Imagem do filme chileno A Montanha Sagrada (1973), de Alejandro Jodorowsky.

Aprochegar

Posted by Fabrício Persa on 11 junho, 2012
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Chegue assim
leve a mim
pro outro lado
depois daquela ponte
ver o pôr-do-sol
no lago sem sal
o doce vindo para guiar
Mastigue o chiclete da vida
em som de samba
para o sabor não ruir
A vida é uma praça
Por onde se passa com graça
Sem pressa na prece
Sem preço na entrada

Atravesso
com mãos dadas
Travesso
das artimanhas nas ruelas
Travesseiro
meu sossego, meu lampejo

Chegue assim
você com isso e comigo
acerta em cheio o lado bom
do ser para se ter.

pintura de Dave Kinsey

Poema de pijama

Posted by Fabrício Persa on 07 junho, 2012
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O poeta não engole as dores
Ele as distribui em folhas de papel
Quando a angústia lhe toca
Ele se limpa com palavras
Na queixa, na desordem, no desandar
É lá, no meio do verso que
Ele encontra abrigo e conversa consigo
Nada melhor que um poema de pijama
no meio da noite, entre a insônia
para acariciar as agonias e os gritos
O poeta também sente
as dores demais da gente.

Terapia da alma contorcida
Reza revestida de literatura
O significado vêem à tona
Escancaram-se as portas
pelos labirintos internos
As saídas guardam as sílabas
e tudo além lhe resta
Ingovernáveis são os versos
a derramar como magma, o teor
Para o poeta, a válvula da poesia
não lhe retira o medo, é esteio
Chamam-o para ser seu melhor companheiro.


25.04.2012
*foto do poeta Solano Trindade


Estranheza

Posted by Fabrício Persa on 02 junho, 2012
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(escute a música enquanto ler)

  André Abujamra - Origem by Youngman ((((()))))

Quando a realidade dos fatos e das pessoas
Estagnam-se em si, permanecem no mesmo lugar
Vou seguindo o melhor que o mundo me apresenta
Pisoteio as decifrações do caminho vazio

Preenchendo os turnos com idéias e ações
As imagens e os sons
Levam-me a um mundo que habito
em sentimentos, pertencimentos e cosmologias.

Nada sou além das minhas transformações
Múltiplas elas se tornam una
Caio na direção da luz do bem
Alertado sou
O universo precisa da minha inteligência e
Eu necessito de verdades e simplicidades inteiras.

O melhor que há em mim
Faz-me estranho diante daqueles
que em uma moldura me puseram
sem jamais eu tê-la aceito.

As pinceladas que coloro a vida
São de uma espécie de meio-tons surrealistas
Pois a cor que me reluz ainda não é única
Aprendo a ser a cada dia.
Os acontecimentos são as lições
O que propago como certeza, as provas.

Lágrimas já criaram ao meu redor um lago
Outras vezes, as seguei dentro de mim
Nenhuma delas diz a minha idade
Todas elas ainda produzem efeito no meu chão
Aqueles que quiserem estar sob minha pele
Não o seriam nem por opção.

Da segurança que eu guardo no peito
O amor para os envolta do meu umbigo
Aumenta a cada pôr-do-sol
O bem é o que me faz forte e
Traz-me aqui
Sou só aquilo que planto

Um jardim de desvelo.