Sem Remorsos
Tudo o que é meu torna-te teu
A partir do segundo em que se existam
Entre nós.
Entre nós.
No burburinho da chuva
Soltamos a vos num grito estrondante.
O que nos assalta?
Na mata, em casa, na praça
Contida numa ladainha diária e insatisfeita
Esconde-se o medo
O receiar processual das nossas relações
O prêmio ainda não tão bem avaliado da entrega
A conquista sagaz e fulgaz que deixamos escapar
E a insolação ardente da necessidade
Inconcretizada funda-se.
E ele vive na escuridão
E nada mais é do que o que deixamos ele ser.
O cavalo passa e não vira estátua
Galopando sem retorno enlaçado com o tempo.
Fabrício Persan