Compactos

Posted by Fabrício Persa on 14 novembro, 2008
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"pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós."
Gibran

Subindo degraus
Dei trela ao meu redor e quando eu menos esperada, nas circunstâncias mais inóspitas para se viver dentro do meu pequeno andaime, percebi tão eu, tão aquele inserido e mais convicto do que nunca. Sem escuridão, sem medos, com maiores percepções para as verdadeiras vontades que me velam no andar interno superior a mim mesmo.
Sabe aquelas tomadas de rumos que surgem e se auto tecem nas fagulhas imprevistas ?

Estas mesmas. Esse mesmo fogo da dor, esse mesmo calor das verdades, esse mesmo fervor de se descobrir mais e mais aonde menos se esperava. É justiça de ser Rei de si mesmo. As vezes percebo-me súdito incalculavelmente do meu coração, me dá uma vontade de domar os destinos mas logo após a desilusão me veste e não vejo nenhum florim ao alcance das mãos. Dá vontade de comer baldes de pipoca doce, anestesiado por refrigerantes e purificado pelas frutas que sempre me aguardam ansiosas pelas feiras da vida.

Outro novo sabor
A felicidade existe justamente porque ela pode ser inúmeras. A diversidade também a atinge, por mais falsa que ela seja ou por mais verdadeira que ela se mostre. Por isso mesmo, a felicidade encontra tantas maneiras diferentes de se existir que só com o tempo percebemos o quanto fomos cercados por ela das mais diversas formas presumíveis. Eis que ela me atinge novamente e comemora na minha pessoa o traçar de um novo velho destino com a concretização de antigos anseios. Esparramo-me. Deixe-me ser.
Por último, só preciso me acariciar mais, ter mais afeto comigo próprio, tratar-me com mais afeição e desenrolar de colo de mãe, sem demais queixas, com demais devoção.

Vindouros
Introspectivamente guardam-se os meus pensares. Tratarei de esquentar tudo, banhar em água salgada daqueles litorais que já me conhecem, cantar em êxtase e espetáculo, apresentar aquele repertório de destino e partir para as montanhas, matos, doces, ruas, deuses negros e tudo o mais que lá está. Eu vou celebrar o som ritmico dos afoxés, vou trilhar a voz a cuspir ou a burilar palavras modulares no vento, a alcançar a quantos forem. Chó! o que seja nefasto. Convites espalhados à sintonia da sinfonia maioral do que se quer bem.

Detritos
Basicamente estou saneando aquilo que não deve me pertencer mais. Retiro os esgotos restantes, o líguido impotável que pela minha face caminharam.

Descompreendendo-me
Sabe aquela vontade de tudo ser mais a partir de agora? Já sentiu um gosto diferente da liberdade?

"Estranho"... sempre falo isso... mas depois me pergunto o que não deve ser estranho em mim... No dia que me compreenderem, me esqueçam! Eu já terei me tornado outro completamente desvairado e incomum. Caso escutem algo sobre como eu sou, como eu penso, como eu ajo... Esqueçam! Esqueçam todas as posturas analíticas ao meu respeito. O único que pode me descompreender sou eu mesmo. A compreensão me suga. Renego-a. Trato de virar a ser a descompreensão, nada me alcança... nem tente! A única imitação da minha vida, só poderá ser a minha vida.

Som de só dois ouvidos
Quem me chamou ?

Alguma voz silábica melodiou agorinha mesmo na minha barriga... presumo que são palavras surgidas pelo vento que me entra e pelos suspiros que me saem...

Estranheza das horas do mar

Posted by Fabrício Persa on 02 novembro, 2008
Marcadores: , | 1 vertiginosos

Sobre aquela onda que te acertou
Eu sei de que ela, era
a parte líguida dos meus sentimentos
___banhando os teus pés
___tocando a tua pele
Queria que você me absorvesse
As gotas
_____do mar
_____do banho
_____das emoções
nunca serão em vão
eu molhei o teu sal
e o gosto salgado agora me pertence


Eu, o rio
Você, o mar
E o destino dos dois, sempre
se encaminham para se encontrarem
Entrelaçameno das
_____Nossas águas distintas
_______________Infindas
Banharam-me apenas as lágrimas
A me desnudar
A tornar o teu mundo tão secreto
Quanto já o era
As conchas para o nosso enfeite
_Permanecerão aqui
_Bonitas, vivas, pacientes
Até a sua saliva me experimentar
De novo
__Com certa amargura da agonia
__Pelas estranhezas do tempo
As praias desertas ainda esperam os nossos passos
Conjugados.


Fabrício Persan (31-10-08)


Beira-mar (Roberto Mendes e Capinam/ Maria Bethânia)


Dentro do mar tem rio...
Dentro de mim tem o quê?
Vento, raio, trovão
As águas do meu querer

Dentro do mar tem rio...
Lágrima, chuva, aguaceiro
Dentro do rio tem um terreiro
Dentro do terreiro tem o quê?

Dentro do raio trovão
E o raio logo se vê
Depois da dor se acende
Tua ausência na canção

Deságua em mim a paixão
No coração de um berreiro
Dentro de você o quê?
Chamas de amor em vão

Um mar de sim e de não
Dentro do mar tem rio
É calmaria e trovão
Dentro de mim tem o quê?

Dentro da dor a canção
Dentro do guerreiro flor
Dama de espada na mão
Dentro de mim tem você


Beira-mar
Beira-mar
Ê ê beiramar
Cheguei agora
Ê ê beira-mar
Beira-mar beira de rio
Ê ê beira-mar