Aprochegar

Posted by Fabrício Persa on 11 junho, 2012
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Chegue assim
leve a mim
pro outro lado
depois daquela ponte
ver o pôr-do-sol
no lago sem sal
o doce vindo para guiar
Mastigue o chiclete da vida
em som de samba
para o sabor não ruir
A vida é uma praça
Por onde se passa com graça
Sem pressa na prece
Sem preço na entrada

Atravesso
com mãos dadas
Travesso
das artimanhas nas ruelas
Travesseiro
meu sossego, meu lampejo

Chegue assim
você com isso e comigo
acerta em cheio o lado bom
do ser para se ter.

pintura de Dave Kinsey

Poema de pijama

Posted by Fabrício Persa on 07 junho, 2012
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O poeta não engole as dores
Ele as distribui em folhas de papel
Quando a angústia lhe toca
Ele se limpa com palavras
Na queixa, na desordem, no desandar
É lá, no meio do verso que
Ele encontra abrigo e conversa consigo
Nada melhor que um poema de pijama
no meio da noite, entre a insônia
para acariciar as agonias e os gritos
O poeta também sente
as dores demais da gente.

Terapia da alma contorcida
Reza revestida de literatura
O significado vêem à tona
Escancaram-se as portas
pelos labirintos internos
As saídas guardam as sílabas
e tudo além lhe resta
Ingovernáveis são os versos
a derramar como magma, o teor
Para o poeta, a válvula da poesia
não lhe retira o medo, é esteio
Chamam-o para ser seu melhor companheiro.


25.04.2012
*foto do poeta Solano Trindade


Estranheza

Posted by Fabrício Persa on 02 junho, 2012
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(escute a música enquanto ler)

  André Abujamra - Origem by Youngman ((((()))))

Quando a realidade dos fatos e das pessoas
Estagnam-se em si, permanecem no mesmo lugar
Vou seguindo o melhor que o mundo me apresenta
Pisoteio as decifrações do caminho vazio

Preenchendo os turnos com idéias e ações
As imagens e os sons
Levam-me a um mundo que habito
em sentimentos, pertencimentos e cosmologias.

Nada sou além das minhas transformações
Múltiplas elas se tornam una
Caio na direção da luz do bem
Alertado sou
O universo precisa da minha inteligência e
Eu necessito de verdades e simplicidades inteiras.

O melhor que há em mim
Faz-me estranho diante daqueles
que em uma moldura me puseram
sem jamais eu tê-la aceito.

As pinceladas que coloro a vida
São de uma espécie de meio-tons surrealistas
Pois a cor que me reluz ainda não é única
Aprendo a ser a cada dia.
Os acontecimentos são as lições
O que propago como certeza, as provas.

Lágrimas já criaram ao meu redor um lago
Outras vezes, as seguei dentro de mim
Nenhuma delas diz a minha idade
Todas elas ainda produzem efeito no meu chão
Aqueles que quiserem estar sob minha pele
Não o seriam nem por opção.

Da segurança que eu guardo no peito
O amor para os envolta do meu umbigo
Aumenta a cada pôr-do-sol
O bem é o que me faz forte e
Traz-me aqui
Sou só aquilo que planto

Um jardim de desvelo.