nêura

Posted by Fabrício Persa on 31 agosto, 2012
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O sono de manhã é perturbável
o ciclo do fluxo plural
em movimento não descartável
desvanesce a tranquilidade
faz levantar as pálpebras
para encarar o dia.

Abrupto

Posted by Fabrício Persa on 08 agosto, 2012
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Tenho indisciplina e medo do que sairá da minha mente, escrita em formas de revelações poéticas, melindre de não sei da onde. Eu agora escuto samba e me emociono, escuto aqueles que de profundo tem de natural. Vou juntando poeira de assuntos e vastidões que vivo e por isso me frusto, indigno-me comigo mesmo devido a essa indisciplina, maldita.
Eu agora persigo em mente esse acúmulo, mas ele me escapa, estou como máquina enferrujada que se tortura em não mais poder realizar-se.

Não me realizo agora.
Nem me escravizo já.

São as formas de como se dá as coisas que você reflete, o grau e a profundidade de influência tua em tudo que se rodeia, que me faz não mais ser moldado, restrito em formas de cubos de gelo. Eu quero pela vastidão de tempo que há de vir, o melhor que a natureza pode oferecer, a tranquilidade, a poesia entocada em cantos sorrateiros, a música que abstratamente nivela minha alma como espada afiada, a água em demasia, a mãe. 
Então vejo (numa espera) que parte dessa vontade se manifesta nos acontecimentos que aos poucos se iniciam, daí se tem os segredos enclausurados pelo tempo a se derramar na cara como verdade, nada fácil, mas refletido em espelhos de calma das horas.
São tantas as concepções vistas dos meus próprios olhos que sou quase um diferente todos os dias e me aproximo da loucura sã. E já sou o presente de tantas vidas minhas de outrora acumuladas que se retornam no entremeio de toda essa complexidade que somos enquanto indivíduos e enquanto mundo, uma linha tênue que vai do "eu" ao "nós" em que ambos estão misturados e não se tem mais como distinguir um do outro. Somos toda essa extensão incalculável e preciosa. Uma das características do eu de agora é a intolerância quanto às coisas que não me agradam e o que creio não ter o que contribuir para a melhora, pois a preferência consciente pela ignorância fazem de alguns se alimentarem da refeição dos abutres e limitam a extensão dos meus braços. Não gosto. Há um erro nítido na sociedade.


*Fotografia de Luis Sarmento