Denunciando-me

Posted by Fabrício Persa on 16 abril, 2009
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O cofre, estava cheio de frio e medos e preguiça. O pensamento acerca dos pensamentos que não me pertencem, é de uma inutilidade tão pertinente e incómoda, a ponto desta insistência querer ser vomitada mesmo com dedos na guela não adiantando.

O fato de cargos, é um desperdício da capacidade humana, nutram-se disso e se auto-comerão.

Cansei da visibilidade, sempre marginalizei a minha arte e por isso mesmo, até hoje duvidam dos meus bons extremos; dos meus bons modos depressivos, sentidos e festivos de escrita; da peste da música que me exclui da humanidade e se concentra tão fortemente em mim de uns tempos pra cá. Têm entreolhos, quando não sem-olhos, para as minhas profundidades, e todas as minhas forças não serão desperdiçadas no auto anunciar. A surpresa serve pra montar nas costas como num susto.

Odeio a minha preguiça contínua, o aprisionamento do meu tempo, a descarga da minha liberdade.

Caso não estivesse nu para eu mesmo, talvez desencadearia uma amarração de ruínas e pessimismos, mas percebo uma inquietação soluçante nas entranhas. Canso de escrever sobre mim, mas a necessidade de tal é como o funcionamento do organismo depois do almoço bem servido, preciso cagar fossas astrais. Sendo um qualquer, e assim querendo continuar sendo, pois é pelo avesso disto que alguns se auto-intitulam o ser do cuspe mais distante entre os demais, continuo a fecundar o mais novo exercício moral-cognitivo da abstração. É urgente abstrair.

In-decidir-se logo é o caos, o cume da serra, a válvula intérmina do conflito - confio em não ser carma astrológico.

O vento martelava com zunidos o frio, e o cofre enfiava-se entre cobertores e travesseiros por não saber enfrentar a acidez das asas, por isto, de uma só pena. Os passos exigem bênção de escolhas, sorrisos e abortos de verdades. Aquele isso de outrora, vai de encontro com o é das minhas coisas, e o é com o isso é um embate mísero, pois o é, é tão mais quanto as suposições, e com ele eu me apego e me apego a mim. Carrego-me comigo mesmo por todos os sois que tentarem ofuscar pelas cercanias de olhos que enxergam as luas em uma lua só. Flores e sabiás para o esquecimento e para o progresso, danças místicas para a imitação dos caminhos sôfregos, ritmicamente acelerado para compor em minutos os acúmulos de anos. Todos são florestas.

Ponho uma sentença temporal nos meus escritos juvenis, a menos que eu perceba ser as inconstâncias, meu vilão.


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Senhores, sou um poeta, um multipétalo, uivo, um defeito.
Sou um instantâneo das coisas apanhadas em delito de paixão.
Oh! Sub-alimentados do sonho...
A poesia.. é para Comer !!