"Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior"

Posted by Fabrício Persa on 22 abril, 2008
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Só sei que canto... Não sei mais nada.

Minha pouca memória parece uma caixinha musical, qualquer palavra me remete a uma canção, a um refrão, a algum engano entre as composições e alguma poesia lida e já perdida pelo becos da mente. Coleciono vozes e letras.
Gosto do álbum completo, com todas as suas músicas e sentidos de pré-requisitos, e eis que aqui compartilharei alguns dos meus mais recentes vícios, as belezas tão bem descortinadas, minhas mais novas angustiantes necessidades de ter de escutar-los todos os dias, primordialmente, sem mais nem menos, sem eiras nem beiras.


No período de férias tive duas crises musicais persistentes. A primeira foi Gal Costa, a qual eu sempre escutei, mas nunca me apronfudei no seu trabalho, e eis que me dei ao prazeroso trabalho de obter o máximo da discografia dela, das criações da baianinha tropicalista. Mas um álbum dela de 2005, o Hoje, foi o que me segurou em pensamentos, desejos e me enlaçou sonoramente. O álbum é gracioso do início ao fim, as músicas Te Adorar, Mar e Sol, Pra que Cantar, Santana, e as demais, são de um poder da mais fina declaração de amor e do canto mais forte que Gal é possuidora. Sensacional.


A outra crise foi a Sábia, a rainha do Samba, Clara Nunes. Presumo que o máximo que eu escreva sobre essa personalidade, sobre essa voz, ainda assim será muito diminuto. Ela é fantástica em todo o seu trabalho, aonde o samba é a veia principal, onde os Orixás e as Guias são os lustres para todo o seu brilho de donzela e evocadora de todos os mistérios. Comecei com o àlbum Guerreira, de 1978, e me encantei com uma compilação que fizeram das músicas de Tom Jobim e Chico Buarque que ela interpretou, Clara Nunes canta Tom & Chico.

Quando eu acabei de assistir ao DVD, eu simplesmente fiquei paralisado em frente da Tv. Congelei. Um quase terreiro, com as representações do Orixás (Salve!) em pleno palco. Pois no DVD e CD Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia é uma oniponência sedutora. Beth evocou os velhos e novos compositores do samba baiano e ainda por cima fez duetos com grandes personalidades, como Bethânia, Caetano, Gil, Riachão, Daniela Mercury, Danielo Caymmi, Mariene de Castro, etc. Tudo bem que Beth já tem garantido seu trono no samba, tem um vozeirão e história de vida e samba de dar inveja a qualquer um, porém, percebi que falta a ela um pouco mais de presença de palco e o canto dela é muito linear, sem poucas variações, ritmos... Bom, o que importa é que Beth deu um presente ao Brasil, um legado de beleza inegavelmente explendoroso.

Agora estou fissurado em dois novos álbuns:

Maré, lançado a poucas semanas, álbum novissimo de Adriana Calcanhoto. É tão delicado e delicioso que não sobram adjetivos. Partimpim navegou no ritmo certeiro do mar e das ondas, foi e voltou, subiu e se arrastou mansamente... Composições próprias, algumas parcerias que deram muito certo, regravações aprimoradas e outras que por mais que se regravem, nunca serão ultrapassadas, como no caso de Onde Andarás, gravado por Bethânia em seu álbum de 1988 (como bem disse Mauro Ferreira), contudo Adriana nos faz melhor com sua sofisticada voz de Sereia. Sargaço Mar, de Dorival Caymmi, faz-me querer ir correndo pra uma praia, um mar, anseiando por uma brisa (ai... saudades da minha terra). Escutem e se apaixonem. Paixão de verdade... Pele, desejos, dança, romantismo... Teu nome mais secreto...

O outro inédito, lançado no final de março, Inclassificáveis, do multifacetado Ney Matogrosso é verdadeiramente incrível. Elogio mesmo. Acompanho o trabalho do Ney, desde Secos e Molhados. Canto em qualquer Canto foi lindo, Batuque com as músicas envolventes de épocas que não voltam e ele cantando Cartola, resgatando esse mestre, foram projetos sensacionais. Mas agora ele vêm com uma tendência mais política, mais tapa na cara, mais poeticamente reflexiva possível, falo isso porque Cazuza é parte imponente nesse seu novo trabalho. O show veio primeiro, depois o CD, se este já é o que é... imagine o espetáculo...! Eu teria uma explosão de loucura sensata.


Nara Leão, Bruna Caram, Vânia Abreu e Elza Soares também estão nesta minha lista recente de cultuados.
Bom... outros nomes e gostosuras estão por vir... algumas já em processo de deleito, análise e completude. Com tudo isso, eu canto! Ouvir é pouco pra mim, quero uma dose dessa mágica da vida também, na minha, somente, insistentemente...
  1. querido.
    o puxão de orelha vai pra quem merece...não é procê não.

    Clara Nunes, Beth Carvalho fazem parte da trilha sonora da minha infância. Cresci ouvindo...cresci gostando.

    Mariah
    Obrigada pelos seus, sempre, carinhosos comentários.

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Senhores, sou um poeta, um multipétalo, uivo, um defeito.
Sou um instantâneo das coisas apanhadas em delito de paixão.
Oh! Sub-alimentados do sonho...
A poesia.. é para Comer !!