Pelo quintal acimentado
Vemos o céu por um buraco
E nada mais se torna
Do que nuvens escassas por cima de mim
E elas me seguem pelo corredor adentro
Articulando tempestades e furacões
Esbravejando num tilintar invisível
Gotas estranhas e incomuns de confunsão
Desanuviando a mente, o peito e os dedos
Dou de cara com a rua
Caminhando por um andar parado
Sem contestações
E piso em falso
E velho é o asfalto
E me contento de solidão
Esquece-se das tormentas
Das angústias e preucupações
Dos auês e alucinações
Realidades e paralisação
O céu é maior desta vez
Cresceu abruptamente sem se perceber
E as nuvens se derramam
Se subordinam aos meus sentimentos
E com todo poder
Refaço-me nas entranhas
E um rebuliço inquieto
Desnuda-me em selvagem transformação
Fabrício Persan