sobre o tempo da penúria

Posted by Fabrício Persa on 13 outubro, 2010
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Trancafiou o juízo e com ele fez bom proveito quando quietou, parou de rodar perdidamente por aí como quem procura algo ou alguém, tanto faz na escala das buscas que são tantas e muitas; a verdade é que uma sacola cheia de pães, para sempre quando chegar em casa ter sua refeição, foi uma prática bem aprendida graças a sua mãe e não tem como ser diferente, é chegar depois do sufoco e procurar a companhia de uma sobrevivência, para tranquilizar a noite, dormir de barriga cheia sem estar sozinho. O pão virando gente.

Onde está esse pão quente nosso de cada dia? Será que eu ainda tenho algo mais a perder? Ou os tempos de agora circulam pela respiração das boas energias anunciando o futuro das generosas novidades? Este novo comportamento de se estar escondido, silencioso, refugiado, faz o juízo a chegar nessas conclusões malucas, como o de descobrir que o tempo é um dos maiores desafios cotidianos, fazer andar a vida, aproveitar as horas ou mesmo desperdiça-las, contar as horas a esperar por alguém. O tempo mia, range, esperneia, faz barulho de como quem passa e nos seus movimentos demostra sua sonoridade.

Entre a inocência e um passo para que tudo mude, são questões de segundos. choque, válvula insípida de dar descarga em emoções e danças que porventura se tinha nos pés, antes de qualquer coisa. Se é o caos social que leva um bandido cheirando a cola, te roubar e agredir, já não sei se eu sou a maior vítima ou ele é a pior vítima dessa merda de sociedade classista, que lhe tirem a arma e lhe dêem de forma injetada e imediata, educação. Mas é muita demanda para o mundo dar conta, ou muitos se retiram, ou aqui ficará inabitável.

A bravura de São Sebastião escapa da magia e isso só é mesmo para santos. A mim cabe ser mais humano do que santificado, bem mais para a terra que para os céus, o telúrico que sonha com mundos astrais de sossego e paz. Só e somente, sem altar, sem rito, sem velas, para poder continuar a dançar freneticamente os tambores nigerianos, toda a exuberância negra, que me aqueciam e faziam-me transpirar no lugar da cicatriz.

O certo é que depois disso, você se surpreende com histórias piores, meio filme de suspense perto do terror, e isso te faz mudar os cuidados, os rascunhos, os sentimentos. Pelo 'rio do contrafluxo, à margem da loucura'.

O que faz achar um texto seu, esquisito? O Tempo.

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Senhores, sou um poeta, um multipétalo, uivo, um defeito.
Sou um instantâneo das coisas apanhadas em delito de paixão.
Oh! Sub-alimentados do sonho...
A poesia.. é para Comer !!