Fazer a cabeça

Posted by Fabrício Persa on 24 outubro, 2010
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Parte do isqueiro
foi gastado em queimar
boas fumaças de bom gosto
Eu não mais lhe devolvo
Útil enquanto durar
eu uso no mínimo seis vezes
ao dia, juntando noite
e pensamentos múltiplos unos
de frequentar toda a vida
os porquês e conflitos
a não serem resolvidos
Eis o grande lance de
viajar por dentro e alcançar
as curvas dos sentires
com suas reações de peso
geso, osso, poço
assimétricas.

entendo a ancestralidade do fumo e do ato de fazer piruetas depois do trago, com a fumaça, assim como todo seu ritual e vício. inimigo cruel dos meus alvéolos pulmonares, o cigarro traz noite e companhia, o isqueiro, seu aliado, leva sua chama para a ponta e logo se cala. a diferença entre o fumante e o não fumante é, o de acreditar que a vida precisa ser fumada, tragada e despejada fora, antes de levantarem a voz do soberbo e das idéias nos sufocarem. Ah, não usem cigarros

*foto: Lourdes Castro
  1. algumas coisas não recomendáveis
    ainda são charmosas.

  1. Provei em largos tragos, e brinquei em ver a fumaça fazer círculos no ar, e em sentir o cheiro do que se queima e o som do que o queima. Queimou minha mente como a chama do meu isqueiro queima o dedo quando se tenta acender o fogão... mas continuarei a ter vertigens aqui como no primeiro cigarro!

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Senhores, sou um poeta, um multipétalo, uivo, um defeito.
Sou um instantâneo das coisas apanhadas em delito de paixão.
Oh! Sub-alimentados do sonho...
A poesia.. é para Comer !!